Acostumados a escrever sobre a história presente do país, os jornalistas brasileiros são econômicos com sua própria história. E, no entanto, existe uma curiosidade crescente de leitores e espectadores sobre o que realmente acontece nas empresas de comunicação. Até que ponto interesses particulares ou políticos influenciam a cobertura dos fatos jornalísticos? Quem decide sobre a importância dos assuntos a serem enfocados? Como são as relações pessoais entre jornalistas e autoridades? De que forma se trabalha numa redação? Esta autobiografia do jornalista José Carlos Bardawil ajuda a responder algumas dessas perguntas. Ao mesmo tempo em que narra sua trajetória pessoal, na forma de entrevista ao jornalista Luciano Suassuna, Bardawil relata importantes etapas da história mais recente da Imprensa Nacional. Ele esteve no nascimento da revista Veja e, mais tarde, nos primeiros números da Isto É, onde encerrou sua carreira em janeiro de 1997, após uma longa batalha contra o câncer. Passou pela imprensa regional de dois estados, Ceará e Rio Grande do Sul, pelo jornalismo popular de São Paulo e pela ousada empreitada do Jornal da República, que, no início do processo de abertura política, reuniu na mesma redação alguns dos maiores talentos da época. Viveu o ocaso do império editorial dos Diários associados e o nascimento de outro, o império televisivo da Globo. Em O Repórter e o Poder, o leitor também irá conhecer o funcionamento interno de jornais e revistas e o clima nas redações durante a cobertura de episódios fundamentais da história do Brasil, da decretação do Al-5 à primeira eleição direta para a presidência da República após o Regime Militar. Cada fato é narrado com o olhar particular de um repórter vibrante, inflexível na defesa de seu papel de vigilante dos poderes públicos, acostumado a brigar sempre pelas melhores notícias. Um livro, enfim, para quem gosta de debater sobre história, imprensa, política e poder.