Quem seria capaz de expressar o Tao? Aquele que sabe não fala; aquele que fala não sabe. Tampouco eu te direi o que é o Tao. Cabe a ti mesmo descobrir, livrando-te do desejo e da emoção, vivendo sem esforço, sem o que chamas de ação, libertando-te de tudo que se opõe à Natureza, para que possas dominar a ação e não ser dominado por ela. Com um movimento tão calmo e constante quanto o do oceano à nossa frente, deixa-te levar em direção ao Tao. O mar não se move por ser esse seu desejo, nem por saber que é bom ou sábio assim fazê-lo. Ele se move porque assim deve ser, sem que precise saber disso. Assim também te deixarás levar em direção ao Tao, e quando lá chegares, nada saberás de tudo isso, pois então serás o Tao.
Quando Lao Tsé fala de wu wei, não-agir, não se refere à simples inação, à apatia, ao contentamento preguiçoso dos olhos fechados, mas à inação dos movimentos terrestres, dos desejos, das aspirações àquilo que é desprovido de realidade, e não à ação das coisas reais. Na verdade, wu wei é uma das atividades mais enérgicas da alma, que precisa libertar-se da miséria da carne e da mente formal, assim como um pássaro cativo de uma gaiola. Ele se referia ao abandono à força interior, ao ritmo que procede do Tao e que nos reconduz a ele. Asseguro-te que esse movimento é tão natural quanto o da nuvem que paira sobre nós."
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