“Caminhos Cruzados” narra a saga dos judeus do Recife no século XVII, que construíram em Pernambuco a primeira sinagoga das Américas. A saga começa com a expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, passando pelo abrigo em Portugal, a participação de cientistas judeus no projeto das explorações marítimas e a conversão forçada ao catolicismo, em 1497. O livro relata ainda a dispersão para a Holanda, a formação da comunidade de Amsterdã e a debandada para o nordeste brasileiro com a Invasão Holandesa, em 1630. O relato avança até a expulsão dos holandeses, em 1654, quando 23 judeus brasileiros foram para Nova Amsterdã, atual Nova York, e fundaram a primeira comunidade judaica dos EUA, atualmente a segunda maior de mundo depois de Israel.
Descendente de cristãos-novos, com influências negra, indígena e holandesa, o pernambucano Paulo Carneiro narra em “Caminhos Cruzados” a história dos judeus do Recife no século XVII, que construíram no Brasil a primeira sinagoga das Américas. A saga começa com a expulsão da Espanha, em 1492, e avança até 1654, quando 23 judeus oriundos de Pernambuco desembarcam na então colônia holandesa de Nova Amsterdã e fundaram o que viria a ser a comunidade judaica de Nova York, a segunda maior do mundo depois de Israel.
Carneiro recupera detalhes do ambiente em que se deu a diáspora espanhola, passando pelo abrigo em Portugal, a participação de cientistas judeus no projeto das explorações marítimas e a conversão forçada ao catolicismo, em 1497. Além disso, conta como foi a batalha movida pelo rei D. João III junto ao Vaticano para instalar a Inquisição no reino, marco da decadência do império marítimo português, segundo o historiador britânico David Landes.
Para o autor, “Caminhos Cruzados” recupera um capítulo importante da história do Brasil, geralmente ofuscado pelo brilho da Corte de Maurício de Nassau. No Recife, a sinagoga Zur Israel, hoje restaurada, é espelho dessa herança, assim como a Ponte Maurício de Nassau, originalmente construída pelo judeu Baltazar da Fonseca. Em Nova York, as lápides do primeiro cemitério ostentam nomes de judeus pernambucanos e a Estátua da Liberdade traz no pedestal um poema de Emma Lazarus, descendente dos pioneiros saídos do Brasil.
No cruzamento dos caminhos temporais e seculares, Carneiro revela que o ex-rabino do Recife, o erudito Isaac Aboab da Fonseca, presidiu o tribunal rabínico que excomungou Espinoza, em Amsterdã. Por ironia, os antepassados de ambos estiveram juntos na fatídica diáspora espanhola.
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