Criado em 1961, o Parque Indígena do Xingu se tornou uma referência no imaginário brasileiro sobre os povos indígenas no Brasil e durante muito tempo foi um cartão postal da política indigenista oficial. Foi a primeira grande terra indígena reconhecida no país destinada a abrigar várias etnias indígenas. Sua localização praticamente no centro geográfico brasileiro, na região de transição entre o Cerrado e a Amazônia no nordeste de Mato Grosso, associa de forma original sociodiversidade a uma riquíssima biodiversidade.
A maioria dos 16 povos que nele habitam recuperou o patamar populacional de antes do contato, superando sequelas de epidemias e o fantasma da extinção. Hoje, continuam zelando pelo seu patrimônio cultural e ambiental e buscam formas de manter um diálogo intercultural mais equilibrado com a sociedade brasileira. O Parque, no entanto, é hoje uma ilha de floresta zona região das cabeceiras do rio Xingu em Mato Grosso, que ao longo dos 20 anos acumula altas taxas de desmatamento. O impacto da ocupação e práticas agropecuárias sobretudo nas cabeceiras dos rios formadores do Xingu (fora dos limites do Parque), alteram processos ecológicos e impactam formas tradicionais de subsistência, colocando graves desafios para sua sustentabilidade futura.
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