Airton Monte ocupa, no Ceará, o posto de cronista maior. Senta-se, agora, em iluminada cadeira - a mesma, antes, habitada, hierarquicamente, por João Brígido, Caio Cid, Milton Dias e Ciro Colares. Não há quem não lhe reconheça a janela em que, de quando em vez, se debruça para, de um solar de nuvens, contemplar as nossas dores, as nossas alegrias ou, tão-somente, os filamentos que o cotidiano nos oferece em seu estranho banquete. É, pois, um amigo de alpendre. E preserva o que, em nós, converte-se em sagrado: o apreço à amizade, a flor nos túmulos, os corredores da memória, um fragmento de tarde, o desejo e suas vicissitudes, o digladiar-se entre Eros e Thanatos, o cotidiano familiar, a literatura e outras artes...; enfim, a condição humana, quer a solidão da moça, quer os olhos das crianças de Bagdá.
Crônicas