Georges Bataille: Documents reúne os textos publicados por Bataille em 1929 e 1930 na revista Documents. No momento de sua mais intensa polêmica com o surrealismo bretoniano, idealista demais para o seu gosto, Bataille transforma a revista, em parceria com Carl Einstein, Michel Leiris, diversos etnólogos heterodoxos e trânsfugas do surrealismo, numa máquina de guerra contra o status quo do pensamento ocidental. Em textos de uma virulência estonteante, que dialogam com imagens não menos transtornadoras, surgem noções como a de informe, a de baixo materialismo e a de alteração que incidem até hoje de maneira ao mesmo tempo instigante e devastadora sobre o que de mais radical se produz entre todos aqueles que – na arte e na política: na vida – insistem em não se submeter “ao que quer que seja de mais elevado, ao que quer que possa dar ao ser que sou, à razão que arma esse ser, uma autoridade de empréstimo”. A tradução e o posfácio são de dois caras que certamente se inscrevem nessa “comunidade dos que não têm comunidade”, João Camillo Penna e Marcelo Jacques de Moraes, e o livro inclui ainda, à guisa de prefácio, o texto O valor de uso do impossível, de Denis Hollier.
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