Preocupados com a situação, Heitor e Henri espiavam discretamente, da janela da sala que dava para a rua, a crescente concentração de pessoas na frente da casa. Não eram nem mesmo sete horas da manhã e a aglomeração de piqueteiros tinha se transformado em uma turba ruidosa que ocupava toda a rua e a calçada. Não faltavam os mais empolgados que trepavam na mureta do jardim ou nas árvores robustas da rua para garantir uma visão panorâmica privilegiada sobre os acontecimentos por vir. A turma aguardava impaciente que Samuel aparecesse na porta. Chamavam-no ao microfone, desafiando sua coragem e exigindo explicações sobre o que acontecia na Morada do Altíssimo e sobre os últimos acontecimentos envolvendo Noel e Alvino. Os descontentes de Igatu requisitavam a liberação imediata da trilha proibida e uma agenda clara e precisa definindo a programação e os planos futuros do grupo sitiado. Haviam preparado um documento que fariam Samuel assinar, no qual ele se comprometeria a deixar Igatu em breve para nunca mais retornar.
Com medo de serem linchados pela massa de gente que os aguardava na rua, Heitor e Henri ligaram para Noel.