"A consolação da filosofia foi escrita na prisão por um condenado à morte. A admiração que essa obra latina do século VI suscitou ininterruptamente desde então não deve nada, ou deve muito pouco, às circunstâncias 'trágicas' de sua composição. Trata-se de uma obra-prima da literatura e do pensamento europeu; ela se basta, e teria o mesmo valor se ignorássemos tudo a respeito daquele que a concebeu entre duas sessões de tortura, à espera de sua execução. Mas, dado que essa obra-prima não é anônima, nada perde por ter um autor e ser situada em suas circunstâncias; torna-se também, assim, o testemunho da grandeza à qual um homem pode elevar-se pelo pensamento em face da tirania e da morte."
Do Prefácio