Husserl considera que a ciência faz parte integrante da origem e do destino da humanidade europeia. Por esta razão, a crise das ciências europeias, muito mais do que uma crise epistemológica, é uma crise espiritual e existencial da Europa. No entanto, dadas a crescente europeização das outras humanidades e a cientificação e tendencial modernização de todas as outras culturas, a crise europeia é, além disto, uma crise da humanidade como um todo. Esta crise, de acordo com o autor, é uma decisão acerca do sentido da história europeia e humana em dois níveis. Em primeiro lugar, saber se é possível uma fundamentação última da razão e da ciência por ela produzida; em segundo lugar, trata-se de saber se a humanidade, podendo encontrar um solo comum onde se radicar, saberá conduzir-se “no esforço infinito de automatização por meio desta verdade e genuinidade da humanidade”.