Desde sua primeira edição, em 1976, "A mulher na sociedade de classes - mito e realidade" ainda é considerado um clássico dos estudos de gênero, e sua autora, Heleieth Saffioti (1934-2010), a pioneira na análise da situação das mulheres como uma realidade da sociedade de classes. O livro é resultado da pesquisa para a tese de livre-docência, sob orientação de Florestan Fernandes, em 1967.
Para Saffioti, o problema da opressão da mulher não pode ser analisado fora da luta de classes. E, nestas bases, a superação da dominação feminina só será possível com a luta anticapitalista, a destruição do regime capitalista e a implantação do socialismo. As possibilidades de integração social feminina se tornam impossíveis no capitalismo, pois na exploração capitalista os burgueses utilizam as ditas características "naturais" (como sexo, raça, faixa etária) para servir como mecanismos de competição no mercado de trabalho e divisão política da classe trabalhadora para a manutenção do sistema capitalista.