As dez histórias de que se compõe este livro (cinco ambientadas na América, três em Paris e as outras duas na Suiça e na Síria, embora abordem temas que vão do casamento (Um Raio de Luz) até o crime (Ruídos da Cidade), tratam, na sua grande maioria, do relacionamento homem/mulher. Ora com ironia, no caso de ''Um Ano Para Aprender a Língua'', que conta a história de uma jovem americana deslumbrada por Paris, onde foi aprender a pintar e a amar; ora com enorme sofisticação, o caso de
''Séria e Delicadamente Jovial'', deliciosa evocação do caráter de uma atriz cujo único objetivo na vida é tornar-se uma estrela; ora ainda com penosa honestidade, em ''Caça às Bruxas'', que nos transporta ao triste período de McCarthy, época negra da democracia americana, quando vemos amigos, dos mais altos escalões da diplomacia do país, se traindo mutuamente, numa prova de miséria moral que nos deixa estarrecidos.
Mas onde Irwin Shaw atinge o máximo de seu poder de privilegiado contador de histórias é em ''Os Habitantes de Vênus'', a nos lembrar o admirável autor de ''Duplas Mistas'', maravilhosa coletânea de contos em que Shaw, com o seu poder de penetrar no coração e na mente de seus personagens - todos eles principalmente humanos - focaliza os horrores da guerra sob o ponto de
vista de todas as pessoas envolvidas: o americano, o inglês, o alemão, o judeu, quem parte para a frente de combate e quem fica, o vencedor e o vencido, o herói e o traidor.
Com inteligência e ironia, este ''Amor Numa Rua Escura'' nos fala de solidão, de desespero, das tentativas muitas vezes fracassadas e quase sempre ingênuas, que as pessoas fazem em busca de calor humano e companheirismo. É o caso de ''Uma Aventura em Aleppo'', que nos revela outra faceta do talento do autor: o humor negro. Aqui Shaw nos faz rir do ingênuo professor de uma missão na Síria, quando hospeda dois compatriotas que o fazem viver, pro breves dias, a vida aventurosa que
ele procurava ao deixar sua vidinha monótona na pequena cidade americana onde nasceu.