Julian Barnes é mestre em criar histórias envolvendo os artistas que admira. Depois de homenagear o criador de Emma Bovary no célebre O papagaio de Flaubert, e dedicar um conto ao compositor Sibelius em Um toque de limão, o escritor inglês transforma o pai do detetive Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle, em protagonista de uma história fascinante em Arthur & George. Finalista do Man Booker Prize 2005 e escolhido pelo The New York Times como um dos melhores títulos de 2006, Arthur & George é um livro primoroso sobre amor, culpa, identidade e honra na Inglaterra vitoriana, aristocrática e classista.
O Arthur que dá título é nada menos que Arthur Conan Doyle, médico e escritor, criador de Sherlock Holmes. No livro, ele contracena com George Edalji, um advogado contemporâneo do escritor. O romance começa como um par de biografias alternadas dos personagens principais. De um lado, está Arthur, o garoto cheio de sonhos que adorava ouvir as histórias que sua mãe contava à beira do fogão, atleta promissor e aluno brilhante. Do outro, George, o filho de um vigário de origem indiana, desprovido de imaginação, pobre, míope e sem amigos.
Arthur cresceu disposto a melhorar de vida para poder dar à família uma vida mais confortável. Ele investiu em sua carreira profissional e formou-se médico. Ironicamente, a oftalmologia não lhe trouxe dinheiro ou renome. Mas foi no consultório vazio, à espera de um paciente, que ele começou a criar suas narrativas e deu vida ao detetive Sherlock Holmes.
Conan Doyle já era um escritor de renome quando George é acusado de escrever cartas ameaçadoras para sua própria família e de mutilar animais da vizinhança. Mesmo sem provas, George foi preso, julgado e condenado a sete anos de prisão. Saiu da cadeia depois de três anos, mas viu-se no limbo por não poder atuar mais como advogado. Apesar de livre, continuava sendo visto como culpado. Precisava reverter a situação e, assim como milhares de leitores, resolveu apelar para o criador de Sherlock Holmes.
O escritor encontrava-se em estado letárgico quando recebeu a carta de George. Arrasado pela morte da mãe de seus dois filhos e consumido pela culpa de ter mantido um amor platônico nos últimos anos de vida da mulher, Conan Doyle se recupera da apatia provocada pelo luto dedicando-se com afinco à recuperação da honra do desconhecido advogado do interior.
A partir deste momento, Julian Barnes banca o próprio detetive. Procura a solução do crime, que foi baseado na história verdadeira de George Edalji, ocorrida no início do século XX. Além de mostrar o envolvimento de Conan Doyle no caso, o escritor inglês oferece ao leitor a narrativa completa da vida do criador de Sherlock – até os últimos anos, quando o britânico envolveu-se profundamente com o espiritismo. O cuidado de Barnes com os detalhes na história de Arthur & George seria digno de elogios de Sherlock Holmes. O resultado é um retrato vívido da sociedade inglesa do início do século XX e uma homenagem àquele que ainda é um dos mais populares autores do país.
"A prosa elegante e suave de Barnes – que aqui se revela com precisão, ironia e sensibilidade – nunca foi tão bem usada quanto nesta extraordinária história baseada em fatos reais, que é contada de forma tão impressionante por Barnes quanto seria por seu herói, o próprio Conan Doyle." - The Times
"Com sua inteligência característica, Julian Barnes entrou na mente do mais celebrado escritor de histórias de detetive, Sir Arthur Conan Doyle, e partiu para uma grande aventura." - The Guardian
"Sherlock Holmes ficaria orgulhoso de seu criador por ter conseguido juntar todas as peças de um mistério que confundiu a polícia. Ficaria muito impressionado também com Julian Barnes, que recuperou uma história morta há muito tempo, e deu a ela uma vida memorável." - The Guardian