A decisão de fazer uma revisão e atualização do texto da Bíblia de Almeida, no Brasil, foi tomada em 1943, cinco anos antes da fundação da Sociedade Bíblica do Brasil (na época, atuavam no Brasil duas sociedades bíblicas: a Britânica e Estrangeira e a Americana). A revisão do Novo Testamento, da qual participou a fina flor da erudição bíblica brasileira de então, foi concluída em 1951. A revisão do Antigo Testamento foi concluída em menos tempo, três anos (de 1953 a 1956), porque dois homens (Antonio de Campos Gonçalves e Paulo W. Schelp) trabalharam em regime de tempo integral, assessorados por um grande número de consultores e leitores externos. A Bíblia completa, na edição Revista e Atualizada, foi publicada em 1959.
O propósito da revisão, que resultou na Revista e Atualizada, era formatar um texto em “linguagem atualizada sem desnaturar certa linguagem bem antiga e tudo sem fugir ao original”. Isto significa que a Revista e Atualizada, além de ser fiel ao original e preservar o estilo de Almeida, é bem menos arcaica do que o antigo Almeida (preservado na Revista e Corrigida).
O grande diferencial da Revista e Atualizada – desconhecido por muitos – é a sua legibilidade e sonoridade. Ela foi feita para ser lida em voz alta.
Nela não aparecem trava-línguas (sílabas difíceis de pronunciar, às vezes pela repetição da mesma consoante) e os cacófatos ou desagrados cacofônicos foram reduzidos ao máximo. Um cacófato é uma combinação de sílabas ou palavras que, na escrita, não apresenta maiores problemas, mas que, ao ser lido, soa obsceno ou tem um sentido equívoco. Uma das características de Almeida Revista e Atualizada, a expressão “a vós outros” (que aparece 232 vezes na Revista e Atualizada, contra apenas quatro vezes na Revista e Corrigida!), resulta dessa preocupação: o que se pretende é impedir que alguém pense em “avós” ou “a voz”. Outro exemplo é a expressão “homens de pouca fé”, que foi alterada para “homens de pequenina fé”, para que não apareça um “café” na Bíblia. Também a sequência “ali se”, que pode ser ouvida como “Alice”, foi de todo eliminada (como, por exemplo, em Esdras 8.25: “e todo o Israel ali se achou” foi alterado para “e todo o Israel que se achou ali”).
Outras diferenças em relação à Revista e Corrigida – Além da eliminação dos desagrados cacofônicos, o nome de Deus (“Javé”), no Antigo Testamento, foi traduzido por Senhor e impresso em versalete, isto é, com letras maiúsculas.Também a primeira letra da palavra que inicia um parágrafo foi
impressa em negrito. E os textos poéticos, como, por exemplo, os Salmos, passaram a ser impressos como poesia.
Quanto ao Novo Testamento, a Revista e Atualizada segue o assim chamado “texto crítico” (adotado, nas Sociedades Bíblicas, desde 1904). Esse “texto crítico” é uma edição que leva em conta também os manuscritos gregos mais antigos, descobertos ao longo dos últimos séculos. Na prática, o “texto crítico” tende a ser mais breve do que o “texto recebido”, que era o único que se conhecia no tempo de Almeida, no século XVII. Todo material que constava do texto de Almeida, no século XVII (e que ainda se encontra na Revista e Corrigida), mas que não mais é visto como parte do texto original, aparece, na Revista e Atualizada, entre colchetes. É o caso, por exemplo, do famoso “parêntese joanino”, em 1João 5.7-8, um texto que não aparece em nenhum manuscrito grego anterior ao século XIV.
De modo geral, Almeida Revista e Atualizada difere de edições anteriores em aproximadamente trinta por cento do texto. Uma segunda edição de Almeida Revista e Atualizada foi publicada em 1993.