Marilyn Monroe certamente está entre as figuras mais vistas e conhecidas do mundo. Seus olhos constantemente semi-cerrados, a boca carnuda tingida de vermelho e seu visual sempre glamoroso e sofisticado já estamparam revistas, coloriram peças de vestuário, viraram obra de arte nas mãos de Andy Warhol. Sua história conturbada, com final trágico, já foi dissecada e contada pelos mais diversos autores e veículos. Mas o que realmente pensava Norma Jeane Baker, a jovem que encarnou Monroe, sobre o papel público que mudou toda a sua trajetória de vida? Unindo dados biográficos da atriz a um exercício de imaginação surpreendente, Joyce Carol Oates refaz os passos do mito: a infância sofrida ao lado da avó e da mãe debilitada, os dias de solidão no orfanato, o casamento quando ainda era adolescente, a descoberta da liberdade atrelada à guerra, o início da carreira no cinema e a podridão do meio artístico da época, a fama, a relação com os medicamentos para dormir, os relacionamentos com nomesimportantes e as complicações decorrentes deles, até sua morte. No épico mais audacioso de sua carreira, Oates defende uma Norma Jeane deliciosamente ingênua, que exala sensualidade - muitas vezes sem se dar conta disso -, uma jovem de pele cremosa,olhos de cor azul cobalto e boca em formato provocante. Tudo condensado sob a forma de um romance fluido, rico em figuras poéticas, com passagens extremamente tocantes e de coerência assustadora, salpicado de possíveis reflexões de quem viveu no olho do furacão mítico que foi Marilyn Monroe.