O ano de 1984 marca um período emblemático na história recente do Brasil: vinte anos depois do golpe militar, os estertores da ditadura transmudam-se gradativamente em aragem democrática. A campanha por eleições diretas ganha as ruas, e no ano seguinte seria escolhido o último presidente sem a participação popular. Também em 1984 o meio jornalístico sofre importante baixa: após mais de seis décadas de atividade regular como cronista, o poeta Carlos Drummond de Andrade se despede da função com "Ciao", crônica publicada em 29 de setembro no Jornal do Brasil. As rupturas não param por aí: naquele mesmo ano, Drummond deixa a José Olympio, que editava sua obra desde 1942, e ingressa na Record. Na chegada à nova casa, lança dois títulos: o belíssimo Corpo (poemas), e este não menos belo Boca de Luar, que reúne crônicas escritas para o JB no início da década de 1980.