Brechas no cotidiano para reforçar ou negar a ordem social, construir identidade, e memória e acabar com a indiferença, as festas criam um tempo e um espaço de imaginação e liberdade.
Neste livro, somos convidados à Festa do Divino e, participando de seus pousos, folguedos, cortejos, banquetes, instantes de riso e choro, imaginamos os modos de vida da população do campo (e da cidade) no Brasil do século XXI.
Mergulhando na experiência de uma festa tradicional que celebra a misericórdia de Deus ao enviar o Divino Espírito Santo e a generosidade do Divino e dos homens entre si, a autora mostra como o campo pode ser entendido como um tempo e um lugar de construção do futuro, justamente porque sua população se esmera em celebrar suas antigas tradições.
Atualmente, a Festa do Divino e as festas populares em geral podem assumir um papel educativo e libertário. Por meio delas, o povo pode educar as elites ou mesmo transcendê-las ao construir a própria história para além da história de submissão e, assim, criar um tempo de diversidade e irmandade, em que o dom mais importante é saber dar, receber e retribuir. Esse também é o dom do Divino Espírito Santo – ensinamento que a experiência e a tradição festiva das populações do campo não nos deixam esquecer.