O povo alemão escreveu muitas cartas para Adolf Hitler. Com uma política que pretendia enaltecer seu povo, o Führer, no auge de sua popularidade, contava com a veneração de muitos, mas não faltaram aqueles que se opunham à sua forma de governo como revelam cerca de 12 mil cartas de pessoas que queriam expressar seus sentimentos. Em 1945, por exemplo, num momento em que Hitler já sofria com a queda da sua popularidade, apenas 100 mensagens de feliz aniversário foram recebidas.
Cartas para Hitler traz algumas dessas mensagens, ao mesmo tempo em que analisa o cenário e os acontecimentos históricos na época em que as cartas foram recebidas. Ele considerava as ardentes cartas de amor desagradáveis, rejeitava as dedicatórias de peças musicais, gostava tão pouco da comercialização de seu retrato quanto de um “cigarro Hitler”.
Na chancelaria privada do Führer, milhares de cartas foram arquivadas, muitas lidas e respondidas. Arquivos da cidade de Moscou abrigavam, sob décadas de camadas de pó, os testemunhos autênticos da mentalidade alemã. Henrik Eberle foi o primeiro a avaliá-los e comentá-los – um verdadeiro tesouro para psicólogos, historiadores, pedagogos ou simplesmente interessados e curiosos. Pedidos, orações, juramentos de lealdade, poemas, apelos e gritos de ajuda – não somente da Alemanha – formam uma análise do estado de espírito dos anos 1925 até 1945 que é, no mínimo, instigante. As pessoas se colocavam aos pés do ditador – mas se afastaram quando seu sucesso chegou ao fim.