Céu, inferno desempenha papel singular na obra de Alfredo Bosi. A formação do crítico se deixa entrever na própria arquitetura do livro.
Sob o prisma do passado, desenha-se todo um percurso intelectual: dos artigos sobre literatura italiana, publicados na década de 60 no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, passando pela releitura de clássicos brasileiros, até abrir-se à atualíssima reflexão teórica em torno do método hermenêutico.
Esta edição, revista e acrescida de novos ensaios, acentua as linhas de força do volume que, desde o título, expressa uma vocação dialética. Céu, inferno integra, no mesmo movimento crítico, autores como Croce e Gramsci, Mário de Andrade e Carpeaux, Cecília Meireles e Ferreira Gullar. Mais do que um roteiro erudito de leituras, a presença desses e de outros nomes revela uma perspectiva histórica profunda. Entrelaçar as modulações das vozes individuais no tecido enervado das ideologias foi a tarefa que se impôs este intérprete.