Este clássico da sociologia urbana analisa a construção de Los Angeles e suas características de metrópole milionária e miserável simultaneamente – características essas que podem ser reconhecidas no Brasil, assim como em qualquer metrópole do Terceiro Mundo.
A área metropolitana de Los Angeles, no final da década de 1980, pode ser compreendida como a metáfora de um desajuste estrutural do sistema, cuja orientação se dá na busca incessante e incondicional pelo lucro máximo, que “constrói espaços urbanos vazios de qualquer humanidade”, nas palavras de Ricardo Lísias, que assina a orelha da obra.
Em Cidade de quartzo: escavando o futuro em Los Angeles, Mike Davis discorre sobre as entremeadas e complexas características da cidade norte-americana, como a especulação imobiliária, a paranoia dos condomínios fechados, a corrupção das autoridades, a violência urbana e o transporte individual em automóveis nas estradas congestionadas.
É um retrato do contraste entre políticas públicas mercadológicas e liberais, e a marginalização histórica de estratos sociais e migrantes – quadro que reverberou em eclosões violentas na década de 1990, como previu Mike Davis. A corrupção e a burocracia emergem como a expressão do fracasso da política enquanto possibilidade de acordo.