Voltamos, depois dessas reflexões, ao nosso propósito de diferenciação entre gozo fálico e significação fálica. Vai ser decisivo se uma mãe com determinado filho vai se dedicar a gozar falicamente ou se vai acentuar, desse filho, a significação fálica. O gozo fálico implica o momento e a zona onde o real e o simbólico se juntam, semivelando seus respectivos registros. Os registros se interceptam, tamponando seus próprios furos. E esse recobrimento não é alheio à própria experiência da maternidade. Que mulher, no momento de dar positivo o teste de gravidez, deixou de sentir que nada lhe faltava! Por um lapso de tempo, essa mulher poderia pressionar o botão ejetor e descartar o universo, dado que realmente sente - mas é só um momento, ou pelo menos deveria ser - que, ali onde se juntam esses dois registros, não lhe falta nada. Se me mantenho entre real e simbólico é porque uma mãe, se o é normativamente, só pode viver seu filho como suplência de sua falta fálica. Uma maternidade só será de um ser falante se configurada desse modo. Ora, a mãe pode eternizar o que deveria ser um momento e utilizar perpetuamente o bebê para obturar sua falta fálica. A situação é diametralmente oposta àquela em que essa criança passará a recordar-lhe, poderá ajudá-la a poder sustentar toleravelmente sua falta fálica. Trata-se de dois modos distintos de relacionar-se com o falo. O modo de usar o falo para instrumentá-lo como garantia do tamponamento do furo degrada aquilo que dará encarnação ao falo significante - nesse caso a própria criança - na categoria de fetiche. Eis aqui um modo de criação que cai na perpétua acentuação do gozo fálico.