Júlia é uma jovem como qualquer outra. Mora em Belo Horizonte, está no fim do 1º grau, não é nehum gênio na escola, mas não dá pra tola, tem um namorado preocupado com política, um avô naturista e uma tia feminista, que vivem num sítio meio paradisíaco no interior. Mas pôs uma idéia na cabeça, da qual ninguém a demove, apesar da descrença da família e dos amigos: quer vencer no voleibol e ingressar na Seleção Olímpica.
Em torno de um eixo tão mediano, tão igual ao dia-a-dia de tantas garotas da baixa classe média brasileira, gira a educação sentimental e desportiva de uma heroína pouquíssimo comum. Em primeiro lugar, ela vê, num esporte muito praticado nas quadras escolares, mas pouco prestigiado profissionalmente, possibilidades de crescimento como pessoa que os não-jogadores e até suas colegas de vôlei não percebem e nem admitem. Em segundo lugar, a mesmice e estreiteza das perspectivas que a vida suburbana de uma cidade média lhe oferecem são por ela combatidas com o denodo e a garra do verdadeiro atleta: o treinamento intensivo e persistente, contra todas as tentações da boa vida descompromissada da juventude e a determinação de ultrapassar as barreiras que o acomodamento da classe média interpõe entre quem é moço e o espaço vital a ser conquistado.