Crocodilo sonhador, romance de estreia de Vanda Amorim, prefaciado por José Renato Nalini (presidente da Academia Paulista de Letras), é rápido como a vida atual. Escrito em linguagem fluente e capítulos curtos, por vezes curtíssimos, cria um pequeno painel dos relacionamentos modernos. Aqueles das pessoas comuns, em que não faltam, no entanto, as circunstâncias adversas e as vicissitudes, as marcas do tempo. Como afirma José Renato Nalini no “Prefácio”: “Os personagens de Vanda Amorim são reais. Têm história, têm endereço, têm profissão.
Os laços de afeto e repulsa lembram a corrente afetiva já explorada na poesia. Pois Eugênia amava Júlio, que amava Eduardo, que procurou, à sua maneira, amar Eugênia, que descobriu que o amor verdadeiro era Gabriel. Rede conflituosa de sensações turbulentas ata e desata vários destinos”. Gabriel que “tem gosto de lágrima, cheiro de saudade e rosto de esperança”, e foi um dos “acertos” – e também um dos grandes “erros” – da vida de Eugênia.
O livro é, na verdade, uma rememoração dos erros e acertos dessa vida, a começar de um primeiro amor adolescente na cidade do Porto. Um amor que quase desanda em tragédia. Mas é, porém, substituído por outro. Maior talvez, e que se revela, por sua vez, repleto de dramas. Brigas, expectativas de gravidez, inseminação artificial, separação. E também reencontro. Ou melhor, reencontros. Qualquer semelhança com a vida não é mera coincidência.