Em 2011, conheci o Edu Lyra. De cara, vi que era um menino especial. Ele tinha um brilho nos olhos diferente, um que nenhuma provação havia sido capaz de apagar. Ao contrário, ao se considerar um sobrevivente do sistema, ele brada aos quatro cantos a lição que aprendeu com sua mãe: “Não importa de onde você vem, mas sim para onde você vai”. Com este mantra, ele desafia as estatísticas para fazer uma intervenção na vida de milhares de famílias que vivem na pobreza, em regiões carentes da periferia de São Paulo.
A convicção inabalável de quem saiu de um barraco de chão batido faz com que Edu não enxergue nada como impossível e tampouco permita que o vitimismo dê as cartas. Ler este livro é fazer uma viagem por todo espectro social através do ponto de vista de quem saiu do caos de uma favela e passou a se comunicar com o topo da sociedade do capital, construindo pontes em vez de muros. Muros, aliás, que o Edu se acostumou a saltar ao longo de sua trajetória.
(Flávio Augusto da Silva)