Os diários do General Joca Tavares e de seu irmão, Francisco da Silva Tavares, permaneceram desconhecidos do público por 110 anos. Membros de uma tradicional família da região da fronteira sul-rio-grandense, originalmente identificados com o Partido Conservador durante o Império, converteram-se ao republicanismo às vésperas da Proclamação da República. Logo em seguida, entretanto, entraram em choque com a direção exclusivista que Julio de Castilhos impunha ao Partido Republicano, abrindo dissidência. Ambos governaram o Rio Grande do Sul, por curto espaço de tempo, em momentos diferentes, antes da eclosão da Revolução de 1893. Ambos foram apeados do governo pelas forças castilhistas. Foram fundadores do Partido Federalista, na cidade de Bagé, em 1892. Durante a Revolução Federalista, que se estendeu de 1893 a 1895, quando se jogou o futuro da República no Brasil, Joca foi o General em chefe do Exército Libertador e Francisco foi um dos mais importantes articuladores civis da revolta. Os diários são, portanto, quase que arquivos da Revolução Federalista. Reproduzem inúmeras correspondências de lideranças da época como Gaspar Silveira Martins, Almirante Saldanha da Gama e o General Aparício Saraiva, entre outros. Os diários permitem uma visão enriquecedora da dinâmica da guerra de guerrilhas, com todas as dificuldades de organização e financiamento.