Todas estas diferentes existências políticas e sociais deixam-se hoje reduzir a duas categorias principais, diametralmente opostas uma à outra, e inimigas naturais uma da outra: as classes políticas, compostas por todos os privilegiados, tanto da terra quanto do capital, ou mesmo somente da educação burguesa, e as classes operárias deserdadas tanto do capital quanto da terra, e privadas de qualquer educação e de qualquer instrução. Seria preciso ser um sofista ou um cego para negar a existência do abismo que hoje separa estas duas classes. Como no mundo antigo, nossa civilização moderna, compreendendo uma minoria comparativamente muito restrita de cidadãos privilegiados, tem por base o trabalho forçado (pela fome) da imensa maioria das populações, condenadas fatalmente à ignorância e à brutalidade.