"-Jasão tem sido nosso líder desde o começo e assim deve continuar". Foi a reação de Hércules, quando lhe ofertaram o comando à Cólquida. Hércules viu logo que a questão era de moira, de destino, e não apenas de escolha ou preferência. É impressionante como o orgulho ou a vaidade não se mostram nessa hora. Até mesmo em seu corpo o herói não reconhece a virtude estritamente pessoal, pois muitas coisas acontecem com ele sem que ele queira ou saiba, e a que ele tem que responder de alguma forma. E assim como Hércules não reivindicava o que de alguma forma poderia ser seu (no caso, o comando da embarcação), ele também não se curva a nenhum tipo de culpa que não fosse sua. O que não quer dizer que não sofresse o que fazia. A dor de haver matado os filhos num acesso de loucura, essa ele carregaria para sempre. Hércules não era só uma força descomunal e redentora. Era também as dores, os castigos que levava. Pois no heroísmo a face mais real da glória é o sofrimento.