Desde os tempos mais recuados, o Japão pareceu, aos olhos da maior parte dos europeus, ser um país remoto, habitado por um povo estranho. Mesmo hoje em dia, quando o mundo se torna cada vez menor, esse enigma persiste num grau considerável - um país dotado de vigorosas tradições militares e, no entanto, possuidor de grande habilidade nas artes da paz, bem como na esfera da produção e no campo do comércio; um estado oriental, cujas indústrias se baseiam numa avançada tecnologia ocidental; um povo ao mesmo tempo imitador e imaginativo em elevado grau; um país marítimo cujos habitantes se identificam de um modo quase religioso com a própria terra. Os padrões que configuraram a história cultural do Japão, tão fora do comum, foram estabelecidos desde muito cedo. Geograficamente isolado das grandes civilizações, somente no século VI o Japão descobriu e abraçou entusiasticamente a cultura chinesa e a religião budista. Mesmo assim, não obstante o estado relativamente primitivo da organização social e política do Japão, uma grande parte dessa absorção de cultura assumiu a forma de uma adaptação daquelas instituições e idéias chinesas às necessidades e aos interesses do Japão.