Em “Liberdade de Escolher”, Milton e Rose Friedman promovem o recuo do Estado em favor da liberdade individual. Para eles, não poderia haver liberdade política sem liberdade económica – e, por altura da publicação do livro, o crescimento desenfreado do Estado tornava os americanos cada mais dependentes da bondade das autoridades públicas (um problema que já havia sido diagnosticado por Hayek em “Caminho para a Servidão”).
Os argumentos dos autores trilham dois caminhos. Primeiro, a questão ética. Impedir alguém de exercer uma profissão, através do controle das admissões pelas associações profissionais, é moralmente incorreto. Obrigar os americanos a pagarem escolas, cultura e produtos que não querem é uma intromissão inaceitável e paternalista na sua capacidade de escolha. E fechar as portas aos produtos dos famintos agricultores asiáticos é, mais do que errado, absolutamente execrável.
O segundo argumento é eficientista. Apesar das boas intenções de grande parte das medidas que levaram ao crescimento do Estado desde os anos 30, estas medidas tendiam a ser contraproducentes. O salário mínimo aumenta o desemprego especialmente junto daqueles que é suposto ajudar: os mais desfavorecidos. Os subsídios ao Ensino Superior transferem impostos dos mais pobres para os mais ricos, que são quem mais frequentemente – e durante mais tempo – recorre às Universidades. E as Ordens, organismos de regulação e de certificação acabam por ser ocupadas por grupos de interesse que subordinam o interesse público ao interesse privado.
“Liberdade para Escolher” é um livro arrojado e estimulante. E, apesar de o período histórico já ser bem diferente – os anos 70 já lá vão –, grande parte dos conselhos e propostas que faz continuam válidos nos dias de hoje. A obra permite cultivar o espírito crítico, conhecer melhor a realidade por detrás das intenções e cultivar um saudável cepticismo em relação àqueles que se dizem defensores do bem comum.