Sem se considerar historiador nem exegeta do Novo Testamento, mas apenas sociólogo, o autor elabora um ensaio amplamente documentado sobre a extraordinária expansão do cristianismo nos três primeiros séculos. Com base na contribuição que as ciências sociais podem dar para o conhecimento da história, depois de calcular, com os parcos dados de que dispomos, a taxa provável de crescimento do cristianismo, o autor estuda o papel das redes sociais e dos vínculos interpessoais na conversão, utilizando os modelos de dinâmica populacional, a epidemiologia social e os modelos de economias da religião.
Não é possível atribuir a um único fator o fato de um minúsculo e obscuro movimento messiânico da periferia do Império Romano ter desbancado o paganismo clássico e se tornado a religião dominante da civilização ocidental. O autor passa então à análise cuidadosa dos fatores que convergiram para o resultado histórico conhecido, tornando o livro extremamente rico e sugestivo. Começa pela crise fundamental do cristianismo primitivo, que é a ruptura com o judaísmo, sem, porém, quebra total da continuidade, que faz da diáspora judaica um vetor de expansão cristã.
Vêm, em seguida, outros fatores sociais, como, por exemplo, o importante papel das mulheres e o caráter fundamentalmente urbano do cristianismo, sua organização e capacidade de influenciar os padrões e valores sociais pelo testemunho e pela forma de vida. Significativas ilustrações e vasta bibliografia tornam o livro importante fonte para o conhecimento das origens do cristianismo.