O progresso, acumulado por séculos e perseguido incessantemente, tem trazido felicidade para o ser humano? Ele tem tornado as pessoas melhores? Enfrentamos um paradoxo: destruição, morte e desesperança acompanham incríveis inovações tecnocientíficas. Vivemos, hoje, momentos mais inquietantes que os dos perigos nucleares, porque agora, por exemplo, são mais graves os dilemas éticos e morais dos riscos da microbiologia e da genética. Nesse cenário nebuloso, esta obra realiza uma exegese do conceito de progresso, procurando entender o quanto nele se ocultam interesses meramente hegemônicos. Para tanto, começa por examinar o significado da própria palavra progresso, no imaginário da sociedade global deste início do século XXI, enfatizando sua ligação com a credibilidade ou o poder de quem a enuncia. De modo lúcido, o autor recupera a posição da maioria dos pensadores que se dedicaram mais detidamente ao tema do progresso, em suas variadas tendências e concepções, procurando apontar as contradições entre esse conceito e a evolução de padrões voltados para a realização das potencialidades humanas quanto à equidade, à justiça e à garantia de um porvir. Sem pretender negar os benefícios da vertiginosa evolução das tecnologias, Dupas vai desconstruindo esse discurso hegemônico sobre o progresso, da forma como dele se apropriaram as elites econômicas, apelando para argumentos de natureza ética e filosófica a fim de sustentar visões alternativas que, eventualmente, possam fornecer subsídios para políticas que evitem ou adiem uma tragédia. O livro, assim, alinha-se com a ideia de que o progresso não passa de um mito renovado por um aparato ideológico interessado mais na omissão das multidões do que na ação de seus intelectuais, ressaltando que somente o exercício da crítica, com força e autonomia, poderá fazer acreditar em resultados mais animadores para a humanidade