A forma narrativa concisa, de revelar afetos e dramas negros, tem se tornado um campo efervescente de produção desta nossa literatura negro-brasileira, além do formato atrair, também é preciso registrar que a presença destas mulheres contistas aparece em Olhos de azeviche na forma de antologia, pois o mercado editorial brasileiro, que já registra mudanças, em termos de acolhimento destes textos, ainda está longe do ideal, o que de certa maneira conduz estas mulheres a publicações coletivas, as antologias, como forma de se fortalecer e visibilizar sua obra, além de uma brecha de driblar as questões econômicas, que demandam uma publicação individual. Este compromisso se revela dentro desta nova antologia Olhos de azeviche: dez escritoras negras que estão renovando a literatura brasileira, que a editora Malê de forma sensível e comprometida, uma vez mais, se debruça em torno dos 20 contos, mergulhando no universo de 10 mulheres negras, ativista, contistas e cronistas: Ana Paula Lisboa, Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Cristiane Sobral, Esmeralda Ribeiro, Fátma Trinchão, Geni Guimarães, Lia Vieira, Mirian Alves e Taís Espírito Santo, convidam a você leitora e a você leitor a participar deste selfie literário, disseminando estas vozes, para outros territórios. O desafio destas autoras negras, de diferentes gerações é que a produção escrita, de sua auto-representação, assim como suas leituras de mundo a partir de suas singularidades de mulheres negras, possam alcançar mais leitoras e leitores, através de imagens positivas, ampliando sua efetiva participação, nos circuitos literários, nos espaços escolares, e no imaginário de seu público.