Em Onda negra, medo branco encontraremos numerosos reformadores que desde o início do século dezenove se viram às voltas com a seguinte questão: o que fazer com o negro quando a escravidão terminar? Ou então - como impedir a possibilidade de um final brusco da escravidão, deixando à solta e sem nenhuma regra uma imensa população de negros e mestiços pobres em país regido por uma minoria de ricos proprietários?
Para alguns, como os primeiros emancipacionistas e mais tarde os abolicionistas, bastava armar-se de rígidas medidas disciplinares de modo a transformar ex-escravos em trabalhadores livres a serviço do capital. Mas para os imigrantistas, nada se podia esperar de trabalhadores degradados pela escravidão e ainda por cima pertencentes às raças mais desprezíveis da humanidade. E decerto este debate ainda teria se arrastado pelo tempo, não tivessem os escravos interferido com sua ação autônoma e violenta, aguçando os medos daquela "onda negra", imagem vivida surgida no calor da luta.