Podiam ter vida diferente da que já tinham? Quem, desde aquela idade, se habituava àquelas concessões, quem passava a olhar como naturais, como “humanas”, todas aquelas pequenas misérias, aquelas renúncias humilhantes, aquele espírito de canalhismo, de devassidão, jamais poderia valer alguma coisa?
Em uma sociedade ensombrada pela mentira e hipocrisia, onde a esperteza para com o próximo e a satisfação dos prazeres carnais são a lei básica da existência, cada indivíduo é confrontado nos momentos decisivos da vida a tomar uma decisão interior, uma decisão que influirá sobre o resto do seu destino. É com esse ambiente que Branco e Pedro Borges, dois jovens estudantes de um colégio carioca, se deparam no limiar da juventude, quando a vida ainda corre mansamente, como se nada mais existisse senão aquela espera carregada de promessas, aquela ilusão sem maior importância, para adentrarem o mundo adulto, onde hão de trilhar o próprio caminho. Alguns se recusam a pactuar com as misérias humanas, rebelando-se contra o mecanismo cego que domina o mundo; outros aceitam, tácita e levianamente, as regras do mundo, sofrendo a terrível loucura da carne.