Não são contos. Têm a qualidade dos poemas e o desenho retilíneo da prosa. Materialização de uma singularidade irredutível, são o que são- um estilo. Eis o que nos diz o texto de abertura desse livro- o estilo é um modo subtil de transpor a confusão e a violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação . Os passos em volta espanta-nos pela sua violência, mas também por que nele perdição e terror irrompem no plano de uma escrita ordenada e muitíssimo construída. O que poderia ser mais inquietante que páginas nas quais aquele plano mental – a que chamamos razão, inteligência – é uma forma de loucura e, por outro lado, a perturbação e o furor parecem nascer de uma lucidez extrema? Não por acaso o último texto intitula-se Trezentos e sessenta graus - este livro nos apanha e desde suas primeiras palavras começamos a dar passos em volta, já não podemos sair de seu mundo, onde tudo é solidão e deslumbramento.