A guerra de Canudos, ocorrida no sertão da Bahia em 1896, foi o primeiro acontecimento histórico brasileiro a ter cobertura diária na imprensa. Diante do grande enfoque dado ao evento, foram publicados muitos textos e livros sobre o tema. Os Sertões (1902) foi um dos últimos livros a ser publicado na época.
O livro-vingador é uma obra classificada como pré-moderna (BOSI, 1980). Porém, sua linguagem não pode ser considerada estritamente como literária, já que tem origem em artigos publicados no jornal O Estado de S. Paulo nos anos de 1897 e 1898; embasadas nas anotações que compõem a "Caderneta de Campo" (1975) em que o correspondente de guerra Euclides da Cunha registrava suas impressões sobre o sertão baiano, o sertanejo e o conflito entre jagunços e o exército brasileiro.
Ao ser reclassificado sob a ótica do jornalismo nacional, o livro poderá servir como prova de que Euclides da Cunha é um dos pioneiros, no Brasil, nesse novo estilo de escrita que mistura recursos jornalísticos com elementos literários. Estilo que, nos EUA, 60 anos depois, recebeu o nome de New Journalism ou Jornalismo Literário.