"Live fast, die young. Viva rápido, morra jovem. Felizmente Anthony Kiedis não seguiu esse lema que tantos outros astros do rock levaram ao pé da letra - Kurt Cobain que o diga. Mas não porque não quis. Kiedis viveu sempre no limite, on the edge, e ainda vive. Sua vida é tão alucinada quanto suas músicas com os Red Hot Chili Peppers. É bloodsugarsexmagik versus Californication.
E está tudo contado e documentado em Scar Tissue, que, mais do que uma autobiografia ou diário, é como um documentário da vida na fast lane. Kiedis não esconde nada ou quase nada de sua jornada de drogas, sexo e rock´n´roll, que não é sempre tão glamorosa quanto a imprensa musical vende. Pode ser também muito dolorida. Mas é sempre intensa.
O garoto com sangue de várias nacionalidades, inclusive com um toque indígena à la Hendrix, sabia desde cedo que não levaria uma vida dita normal. Apresentado às drogas aos 11 anos pelo pai hippie, Kiedis júnior também conheceu o sexo logo e amou muitas mulheres, tão loucas quanto ele. Mas teve seu futuro definido quando conheceu uns maluquetes na Fairfax High School, em Los Angeles. O garoto do meio-oeste, que nunca se encaixava em lugar nenhum, achou um lar e amigos para o resto da vida. E a sua banda foi sempre uma extensão disso tudo.
O livro é assim. Às vezes tão chocante quanto uma reunião de drogados under the bridge downtown, e também muito divertido e anárquico como um show do RHCP. Nele, Kiedis não pede piedade, não se arrepende de nada, nem tenta se mostrar melhor ou pior do que ninguém. É apenas honesto e direto, como em suas canções. Expõe as veias abertas, as cicatrizes... " - (Tom Leão)