A. P. Tchékhov (1860-1904) redefiniu os parâmetros da dramaturgia, propondo uma desdramatização que leva ao enaltecimento do que é aparentemente desimportante. Segundo esse modelo, o mundo interior das personagens, aquilo que subjaz, fala mais alto. Tio Vânia: Cenas da Vida do Campo em Quatro Atos foi a segunda obra de Tchékhov com montagem teatral feita pela companhia do Teatro de Arte de Moscou, de Stanislávski e Nemiróvitch-Dántchenko, consolidando a já bem-sucedida parceria. A estreia aconteceu em 1899, após a montagem pelo TAM de A Gaivota, no ano anterior. A trama se passa em uma propriedade rural russa, na qual a chegada de dois visitantes vindos da cidade altera o cotidiano bucólico dos moradores. O contexto geral de avanço da urbanização e do modo de produção capitalista reflete-se na desorientação das personagens em meio a um modo de vida em extinção, marcadas pela sensação de impotência, imobilidade, vazio, desencanto.