A ideia de que escrever para criança exige apenas determinação e convivência com elas é uma das ilusões mais comuns em nossa época. A essas duas qualidades é preciso somar outro componente, impalpável e misterioso, mas tão real quanto o átomo e as galáxias, também misteriosas e impalpáveis. Esse componente é o dom, uma queda especial que parece nascer com algumas pessoas, sejam elas escritoras ou não. Camilla Cerqueira Cesar tem no sangue esse fator imponderável. A fala de seus personagens, o ambiente em que eles se movimentam, tudo é prova da existência disso, dessa magia que todas as crianças identificam logo e alguns adultos - pelo menos aqueles que não repudiam o pouco de criança que resta neles - entendem e saboreiam. [texto de Luiz Carlos Lisboa, na quarta capa desta edição]