Dois dos maiores historiadores romanos foram Tito Lívio (59 a 17 d.C.) e Tácito (56 a 117 d.C.), e cada um à sua maneira contribui para conformar, pelos séculos seguintes, uma infinidade de histórias, muitas delas conosco até hoje. Tito Lívio imortalizou Rômulo e Remo, os reis fundadores, e também Lucrécia, Brutus e Cincinato, que viria a ser modelo para os revolucionários americanos, no século XVIII. Áspero e cultor do estilo desarmônico, Tácito voltou-se a expor os vícios últimos do poder, como na sua famosa denúncia do império que resulta na paz dos cemitérios. O imperialismo, desde então está consignado nessa avaliação de Tácito. Juliana Bastos esmiuça, com base em seu domínio do idioma latino, os meandros dos historiadores romanos, para mostrar como as identidades romanas, fluidas, em constante mudança e negociação, relacionavam-se, de forma intrincada, com as narrativas historiográficas. Agradável, a obra transcende o universo acadêmico e pode ser usufruída por todos que se interessam pela complexa relação entre o passado e o presente. O leitor percorre suas páginas com leveza e chega ao fim com a sensação tanto de satisfação quanto de instigação a mais leituras: o que pode haver de melhor?