Triste Fim de Policarpo Quaresma saiu em volume em 1915, quando a literatura no Brasil oscilava entre o conservadorismo oitocentista e as inovações do novo século. Esse romance pode ser entendido como uma alegoria contra o conceito romântico de Brasil.
A obra narra os últimos anos da vida da personagem que dá título à obra. Trata-se de um patriota exaltado, que vê o país como um recanto de farturas, facilidades, compreensão e amor. Apesar disso, o Brasil, em sua visão idealista, não ocupava o lugar de melhor nação do mundo. Era preciso elevá-lo ao merecido lugar. Para isso, Policarpo Quaresma elaborou um projeto de reforma nacional. Num primeiro estágio, prepara a reforma cultural; num segundo, a reforma agrícola; num terceiro, a reforma política. Ao concluir a execução de seu projeto ufanista, Quaresma encontra um país inóspito, improdutivo, cruel, opressor e odioso. Em outros termos, a narrativa destrói o mito romântico de um Brasil encantador. Revela o abismo que existe entre a imagem e a realidade. O retrato dos funcionários públicos no romance resulta numa poderosa sátira contra a burocracia constituída por indivíduos sem densidade ética ou profissional. O próprio presidente da República (Floriano Peixoto) não escapa à denúncia contra o Brasil oficial. Aí surgem generais sem batalha (Albernaz) e almirantes sem navio (Caldas). Além disso, Triste Fim de Policarpo Quaresma produz uma viva caricatura da Revolta da Armada, de 1893.