Albert Camus: "Toda a arte de Kafka consiste em obrigar o leitor a reler.".
Franz Kafka (1883-1924) é um daqueles artistas que quem não leu deve ler e quem já leu deve sempre revisitar. Não há escapatória. Sua obra é o retrato da angústia do homem moderno – um retrato feito à perfeição. Sua condição de escritor de origem tcheca escrevendo em língua alemã, as origens judaicas e o péssimo relacionamento com o pai o colocaram numa posição peculiar – ao mesmo tempo isolada e universal – a partir da qual expôs os grandes questionamentos da vida, o cotidiano transformado numa paródia de si mesmo, a existência, a burocracia e a alienação.
Este volume apresenta os contos "Primeira dor", "Uma pequena mulher", "Um artista da fome" e "Josefine, a cantora ou O povo dos ratos"; e "A construção".
"Um artista da fome" foi publicado inicialmente em 1922 e depois serviu de nome para o último livro que Kafka publicou antes de morrer, que reúne as histórias acima – todas escritas no final da vida, quando já estava condenado pela tuberculose. Alguns críticos afirmam que é o conto mais autobiográfico do autor, onde a visão do artista isolado de tudo e de todos proporciona um espetáculo que já não interessa a mais ninguém. Em "Na colônia penal" (1919), o clima de pesadelo e de horror dá o tom da estarrecedora e sombria visão que Kafka emprestou a toda sua obra.