Um copo com água no limite da tensão superficial, esse é o Bruno, e basta que um leve tremor aconteça para que ele transborde. E ainda bem que ele transborda. Bruno vive um turbilhão de contestações incessantes dentro de si, não apenas sobre se compreender no meio de todos os seus enfrentamentos pessoais e familiares, mas também sobre se aceitar intrinsecamente, antes de tudo, como alguém que merece ser amado e que quer amar também, sem medo, sem culpa, sem amarras socialmente impostas ou censuras de qualquer tipo. Às vezes, mesmo que se esforce, parece impossível só ser, só amar, só estar, só viver... Felipe, por outro lado, vive a seu próprio modo, sendo ele mesmo — uma metáfora inteira — com um jeito próprio, louco e apaixonado, de ver e de interagir com o mundo, um especialista no quesito amar e ser amado. É um mistério para Bruno, uma inspiração e, mais do que isso, um amor — mais possível e natural do que ele pensa ser a princípio.
"Uma vida em cor-de-rosa" traz consigo um lembrete intenso, repleto de questionamentos e provocações, sobre, entre outras coisas, a liberdade que se cultiva dentro do peito de pessoas que já nasceram acorrentadas, só por serem quem são, e o voo que se começa de dentro para fora quando isso deixa de ser um problema.