Dominique 23/10/2010Lindo e emocionante!Quando Verônica Miller ou Ronnie é obrigada a ir para Wilmington Beach, na Carolina do Norte, para passar o verão com o pai, Steve, não poderia imaginar as transformações e as experiências que sofreria naquele lugar. Cheia de mágoa e rancor, ela deixa claro para seu pai que não quer nenhuma aproximação com ele, que o odeia por ter se separado de sua mãe e abandonado a família. Ao contrário de Ronnie, seu irmão, Jonah, cheio de saudades do pai, recebe com alegria as férias e com sua alegria de criança contagia a casa e a vida de Steve.
Steve é um homem pacato, pianista e ex-professor de música, ele vive sozinho na sua casa de praia, onde passa o tempo entre o piano e a janela de vitral da igreja local. Um homem com fortes príncipios cristão, ele encontra alento nas palavras da bíblia e nos conselhos que seu melhor amigo, o pastor Harris lhe dá. Ansioso por reencontrar seus filhos, que não via há três anos, ele não se deixa abalar pelas farpas que sua filha mais velha lança quando se vêem, pelo contrário, com muita sutileza e pequenos gestos cheios de amor, ele tenta demonstrar o quanto ela é especial para ele.
Acostumada as noitadas em Nova York e a galera da escola, Ronnie logo se enturma com a contraditória Blaze, uma jovem igualmente revoltada com a separação dos pais e, por isso, encontra "alento" nos braços de Marcus, um rapaz violento e agressivo. Porém, o que ela não esperava é que Marcus fosse se interessar por ela, despertando um ciúme feroz em Blaze, que para vingar-se, coloca alguns CD's na bolsa de Ronnie, simulando um roubo e causando assim, sérias complicações na justiça para a menina.
Transtornada com os últimos acontecimentos sua tábua de salvação é o pai, que apesar de saber que a filha aprontou muitas em Nova York, acredita em sua palavra, quando ela diz não ter sido a autora do roubo. A partir daí, podemos assistir a aproximação de pai e filha, afastados pelo destino, mas unidos novamente pelo amor.
Ronnie não somente se reaproximará do pai, mas também se apaixonará pela primeira vez pelo gatinho Will, um rapaz gentil e inteligente. Com a chegada de tão primoroso sentimento, ambos também são tocados pelo amor e descobrem um no outro a motivação que precisam para modificar suas vidas.
O que são palavras para descrever esse livro? Nada! Como eu assisti ao filme antes de ler o livro, eu fiquei um pouco impressionada com a fidelidade que o diretor teve ao adaptar a trama. Já na metade do livro, a fidelidade antes tão visível no filme, torna-se opaca, mediante a tão sensível narrativa. Comparado ao livro, o filme torna-se, infelizmente, superficial. Porém, vale a pena a ser assistido, pois apesar dessa comparação que fiz, o filme também é muito bom, com uma trilha sonora apaixonante.
Cada capítulo do livro é destinado a um personagem e assim podemos ter a perspectiva de determinado momento pelos olhos deles. É impossível não se familiarizar com eles e suas motivações. Se no início do livro, achamos Ronnie uma jovem chata e mimada, logo depois, nos apiedamos dela, pois a única coisa que ela quer é o amor do pai e tê-lo de volta em sua vida. Ambos nutriam um amor único pela música e todos os dias, pai e filha tocavam e compunham juntos. Era uma relação que somente eles poderiam entender. Quando ele se afasta com a separação, uma parte imprescídivel de si mesma, que nem mesmo Ronnie sabia existir, é arrancada. Para tapar aquele buraco, ela enche-se de revolta e brutalidade, mas no fundo, é apenas uma menina desesperada, querendo explicações. A reconstrução de sua vida é algo maravilhoso de se testemunhar.
O mais interessante é que nenhum personagem é perfeito e todos possuem segredos e experiências pelas quais se envergonham, porém, o melhor é vê-los crescer com esses defeitos e tentar acertar uma vez mais. Os momentos em que Steve fala sobre Deus e sua procura por ele, é de indescritível beleza. Somente um personagem demonstra ser totalmente puro de coração, que é Jonah, irmão de Ronnie. O menino é simplesmente encantador, puro, alegre e fiel.
Nem sei se conseguiria expressar tudo o que senti com esse livro. Passei dois dias chorando muito com as últimas páginas e ao escrever essa resenha meus olhos estão cheios de lágrimas. Termino esse post com a sensação de inacabado. Esse livro não é para ser contado e, sim, para ser sentido. Com certeza, ele está na minha lista Top Ten 2010.
Veja mais: http://www.livrosfilmesemusicas.com.br/2010/09/ultima-musica-de-nicholas-sparks.html