Lo.Spotiolli 24/05/2023
Meu livro conforto. Apenas.
Sabe chocolate quente? O cheiro de pão quentinho, feito na hora, que a gente sente quando passa em frente à padaria de manhã? Sabe a tristeza e a alegria juntas? É isso que eu senti nesses últimos 5 dias de Calafrio. É um livro nostálgico, ainda que tenha sido a minha primeira leitura da trilogia Os Lobos de Mercy Falls.
É um livro de inverno. Um livro de verão. Um livro de outono. É calor. É frio. É Calafrio. É um livro sobre almas, sobre amor puro, sobre pequenos grandes detalhes, sobre cuidado e sobre o significado real de família. É, nem preciso dizer que chorei lendo.
Sem mais delongas, Grace é uma jovem de 17 anos que, aos 11, foi arrastada por lobos do seu balanço para o bosque atrás de sua casa. Eles a mordiam, mas o lobo de olhos amarelos não. Ele afastou os outros. Grace sobreviveu. O seu lobo a salvou.
Sam vive duas vidas: humano no calor, lobo no frio. Ele habita o Bosque da Fronteira junto ao seu bando, a sua família. Resumindo, Grace é calor, Sam é frio, Grace e Sam = calafrio. Eles precisam enfrentar o destino que os cerca. Sam luta por sua forma humana, por uma vida ao lado de Grace. E Grace luta por Sam.
A coisa com o casal principal é que eles são simplesmente perfeitos. É trivial, eu sei, mas nada descreve melhor. Grace é pragmática, tem um bom senso de humor, que se encaixa perfeitamente com o de Sam, que é o sinônimo de namorado dos sonhos. 9 de 10 palavras dele é Grace e ele também é a definição de cuidado. Arrisco dizer que é o homem literário mais cauteloso que já vi, ou melhor, li.
Os demais personagens começam fracos, o casal ofusca geral. Porém, ao longo da história eles vão ganhando personalidade e conquistando lugar no coração do leitor. Isabel e Olívia principalmente.
O enredo desse livro está, indiscutivelmente, impecável. Maggie provou, mais uma vez, que é A contadora de histórias. As histórias da alcateia do Sam são maravilhosas, eu senti a mesma empolgação que a Grace descrevia enquanto eu lia. Simplesmente sem palavras. A história da Shelby e os cachorros é superior, só digo isso.
Tem pontos positivos, mas também tem negativos. É um produto da febre literária dos anos 2000, onde mocinhas e seres sobrenaturais cortavam o maior dobrado pra ficarem juntos. Eu mesma tive muitos déjà vus de Crepúsculo lendo, então, se você procura originalidade, não vai encontrar. Eu, particularmente, pouco me importo com originalidade, pois adoro um clichê.
Enfim, eu poderia falar por horas sobre o livro. Invés disso, convido você a ler e descobrir tudo por conta própria. Seja pragmática(o) como a Grace, não pense muito se vale à pena ler, só leia. Lembre-se que leitura nunca é tempo desperdiçado, sempre há algo novo para aprender com palavras em um pedaço de papel. Ou tela (tempos modernos).