Patricia.Jabour 06/01/2024
Calafrio | Blog Patricia Jabour
O livro, ambientado na fria cidade fictícia de Mercy Falls (Minnesota - EUA), inicia-se com Grace aos 11 anos sendo arrastada de seu balanço por lobos e levada para a floresta, de encontro à alcateia. Devido ao inverno demasiadamente longo, os lobos não tinham o que comer e viram na menina uma presa fácil. Porém, depois de ser ferida, ela foi salva por um lobo de belos e misteriosos olhos amarelos (que, posteriormente, descobriremos ser Sam) – e nunca conseguiu se esquecer deles. Desde então, todo Natal, frio no hemisfério norte, “seu lobo” (sic) aparecia no bosque nos arredores de sua casa e ambos ficavam fascinados um com o outro, mas sem o ímpeto de se aproximarem. Passados 6 anos do ataque a Grace, seu lobo a deixa tocá-lo, desaparecendo em seguida.
Depois de um rapaz da escola (Jack Culpeper) ter sido morto pelos lobos, inicia-se uma "caçada comunitária" como forma de prevenir futuros ataques aos habitantes locais. É nesse ponto que passamos a conhecer, de fato, Sam, que aparece na porta de Grace em sua forma humana, alvejado durante a caçada – também é a partir deste momento que percebemos a intensa conexão entre Grace e Sam, uma vez que ela se sentiu fraca e com gosto metálico na boca assim que Sam fora ferido, ainda que ela estivesse a quilômetros de distância no momento e sem saber do ocorrido.
“Eu não acreditava que pertencesse ao seu mundo, um cara preso entre duas vidas, arrastando comigo o perigo dos lobos, mas, quando ela me chamou pelo nome, esperando que eu fosse junto, eu soube que faria qualquer coisa para ficar com ela.”
A partir daí, nosso casal de protagonistas passa a se conhecer de verdade e dividir segredos, medos, traumas e esperanças, construindo um romance sólido, que encanta o leitor do começo ao fim do livro.
Amo livros que são narrados em primeira pessoa, uma vez que isso nos insere na história de maneira muito mais intensa. Em contrapartida, isso geralmente nos levaria a perder detalhes essenciais para a compreensão do enredo, o que ocorre em Calafrio: algo que poderia ser dúbio se tivéssemos apenas um ponto de vista a ser observado torna-se claro, uma vez que temos tanto a narrativa de Grace quanto de Sam.
Também adoro reparar nos detalhes nos livros, seja nas margens, na numeração ou na maneira como o título está disposto. Em Calafrio os capítulos não possuem títulos, havendo apenas o nome de quem narra e a temperatura local no momento narrado, o que nos ambienta ainda mais na história; além disso, muitos dos capítulos são bem curtinhos (até mesmo sem ter uma página completa), permitindo que a leitura flua muito mais rapidamente.
Algo que achei fantástico em Calafrio (além da belíssima capa) foi a narrativa minuciosa de Maggie! Ela descreve os ambientes de maneira ímpar e faz com que a gente sinta o frio de Minnesota, o gosto dos alimentos preparados e, em especial, devo salientar a maestria com a qual descreve os cheiros (a história gira em torno de lobos, e o faro é aguçado também na narrativa).
Um dos pontos principais do livro relaciona-se a quanto tempo Sam conseguirá permanecer em sua forma humana, uma vez que é o último ano que conseguirá fazer a transição entre as duas espécies. Assim, a cada queda de temperatura, nosso coração dispara e ficamos na torcida para que ele supere mais esse desafio. Grace se mostra impecavelmente madura e forte ao lidar com situações de risco, salvando seu amado e o amparando em diversos momentos. Ela e seus amigos encontram uma forma que talvez possa fazer com que Sam permaneça na forma humana permanentemente. Mas será que este plano dará certo e seguirá conforme o planejado?
Com um final surpreendente e emocionante, Calafrio recebe minha nota máxima, tornando-se um dos meus livros favoritos!
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