Rafa Laisa 09/04/2014
Uma Heroína Inspiradora
Consegui terminar Jane Eyre!
Comecei a ler este livro motivada pelas diversas referências encontradas sobre Jane e Mr. Rochester em outros livros que li, e gostei. As referências foram em número suficiente para que eu ficasse curiosa em conhecer esta heroína tão bem falada na literatura. Aliás, eu estabeleci uma meta para mim este ano, em uma espécie de acordo tácito comigo mesma, de ler livros "antigos" citados aqui e ali em obras mais modernas.
Jane Eyre foi uma experiência paradoxal para mim. Demorei muito para conseguir terminar. Passava dias seguidos sem conseguir sequer abrir o livro. O motivo? É muito chato de ler! E sempre me dava sono. Mas eu simplesmente adorei a história, seus personagens e a protagonista... Esta sim, é uma verdadeira heroína, bem do jeito como as admiro. O curioso é que eu, invariavelmente, era acometida de grande sono quando começava a ler e algumas passagens - longas e carregadas de descrição do cenário - eram simplesmente insuportáveis.
Outro fator complicador durante a leitura foi a linguagem: em inglês formal, com muitas palavras que não são utilizadas atualmente, e várias transcrições de regionalismos e pontuações utilizadas de uma forma que não é comum, que tornavam tudo ainda mais difícil de entender!
"'And what is hell? Can you tell me that?'
'A pit full of fire.'
'And should you like to fall into that pit and to be burning there forever?'
'No, sir.'
'What must you do to avoid it?'
I deliberated a moment: my answer when it did come was objectionable: ' I must keep in good health and not die'"
Jane é um exemplo de mulher. Contemporânea de uma época em que esperava-se que as mulheres se deixassem ser conduzidas pela vontade e desígnios dos homens, ela sempre teve de se virar sozinha, sem amigos, sem família e, quando chegou o momento de interagir com homens, manteve-se independente, embora ainda dócil. Sempre justa, sempre correta e atenta a seus próprios princípios, ela nunca se deixou corromper.
Oh, que grande golpe aquele recebido por Mr. Rochester! Fiquei cho-ca-da. Nunca tinha lido um romance cujo mocinho fosse tão cheio de falhas. Em português bem claro, as circunstâncias o mostraram como alguém mais sujo que pau de galinheiro. E em que momento inoportuno! Mas ela manteve-se firme em sua razão e suas convicções.
E depois, sua provação e ascensão. Que felicidade ver que Jane finalmente teria os meios para viver com a independência com a qual ela havia sido talhada para viver.
E quanto a Mr. Rivers? Que homem cruel. Foi o que tirei da personalidade dele, que ele era um homem mau e vicioso, que tudo atribuía a Deus e à sua missão aqui na Terra. Por um momento assustador, achei que Jane sucumbiria e faria uma escolha muito errada mas, mais uma vez, ela não me desapontou.
"'You cannot - you ought not. Do you think God will be satisfied with half an oblation? Will He accept a mutilated sacrifice? It is the cause of God I advocate: it is under His standard I enlist you. I cannot accept on His behalf a divided allegiance: it must be entire.'
'Oh! I will give my heart do God,' I said. 'You do not want it.'"
Jane foi inocentemente sardônica, intencionalmente sarcástica. Sempre racional, mas amorosa. Sempre pura, mas raramente ingênua. E é merecedora de ser tomada como referência de qualquer heroína que tenha sangue correndo em suas veias, personalidade, coragem e vontade própria.
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