spoiler visualizarDeboraKamilla95 19/09/2024
Difícil ter palavras par descrever
Acredito que a escritora estude psicologia porque ela descreveu tão bem os sintomas de quem passa por abuso sexual na infância que senti que estava lendo a mim mesma, me deu ânsia de vomito. Ainda estou enojada.
É meio bizarro como é fácil para o mundo nos quebrar e depois nos exigir que venhamos inteiras provar que merecemos ser ouvidas, ser uma vitima perfeita, que nunca fez sexo, nunca bebeu, nunca fumou e nunca errou, porque só assim vamos merecer piedade e talvez condescendência, Justiça isso nunca, vingança? Você seria igual a ele.
É interessante o conceito que eu carrego na minha pele, sempre observando outras pessoas porque não posso confiar em mim mesma, sempre querendo ser aceita, querendo ser amada, querendo não ser reconhecida, como vitima. A qualquer momento sinto que alguém vai dizer: olha a Débora, a VITIMA. A pessoa que nos da nojo é ela, e nunca quem a agrediu.
Igual a Vanessa eu acho que sempre flerto com o perigo, não porque sou uma puta, embora nem sei se me importo mais em ser, mas porque queria poder ver debaixo da mascara de pai de família de cada um deles, e saber o que fariam se tivessem a chance de nunca serem descobertos.
A experiência tem sido negativa, parece que se um homem tem a chance ele fará, me sinto apenas um buraco onde ele pode relaxar, sinto que a maioria é assim, e não uma minoria como dizem. Um homem hetero me da mais medo que uma granada sem pino. Se a granada me machucar não será minha culpa, mas o homem sim.
Foi umas das leituras mais difíceis pra mim, ver o quanto eu e essa protagonista temos em comum, chega me dar nojo. Claro que fiquei com raiva dela na maior parte do livro. Mas com inveja também porque ela pelo menos consegue se lembrar.
Talvez eu esteja muito "sombria" enquanto escrevo essa resenha. De fato devo estar, mas sei que foi um livro genial. Minha única critica é não ter um incentivo maior a vitima denunciar, no final eu senti como se não valesse a pena gritar, berrar, escrever, chorar e dizer ao mundo o mau que tem sido feito, e a pedofilia autorizada que tem sido cometida e todos fingem que não estão vendo. Tirei 1 estrela por isso, a sensação foi de que não adianta falar, faça terapia e guarde pra você já que ambas as garotas que sofreram uma se decepciona ao tentar e a outra nem fala. Seria muito importante a escritora ter falado no final sobre a importância de falar, falar é o primeiro passo, a chave da gaiola, a única chance que uma vitima tem de sobreviver. Mas me senti desencorajada com o final, e se eu adulta senti isso, imagina quem é jovem e passa por isso. Acredito que esse final pode tirar a experiência cor