Livros da Julie 30/09/2024A vida é muito mais que um jogo-----
"ser invisível tem lá suas vantagens."
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"algumas feridas... nunca cicatrizam."
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"As pessoas não querem conviver com a tristeza alheia."
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"Do Escape Room da vida real, sempre há uma saída."
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"Se você tivesse apenas uma chance, uma única oportunidade para desfrutar de tudo que sempre quis num único momento, você aproveitaria ou simplesmente deixaria passar?"
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Escape room foi o livro de julho do Clube da Editora Valentina, mediado pelas @simone_soares_eventos, do @clubeliterarioferavellar, e @clubedomdaamizade.
Mint, Alissa, Sky e Milas são adolescentes que compartilham mais do que o fato de estudarem ou trabalharem juntos. Os sentimentos que possuem um pelo outro, alguns evidentes, outros em segredo, exercem uma atração irresistível. Quando surge a ideia de curtirem a noite de sexta em um novo escape room, não podem deixar passar a oportunidade.
O problema é que há alguém de olho em um dos adolescentes, vigiando-o de perto. Essa pessoa é criadora do jogo e pretende usá-lo como retaliação, o que afetará não só o seu alvo, mas também o restante do grupo. Será que eles conseguirão escapar ilesos?
Os curtos capítulos alternam os pontos de vista dos quatro amigos, dando um ritmo insano à leitura. O fluxo de pensamento também é frenético, o que compõe uma narrativa entrecortada e dificulta a imersão na história e a identificação com os protagonistas. Apesar dos termos típicos e das gírias, o estilo de escrita parece deslocado em relação à idade dos personagens.
Embora a trama não ofereça muita contextualização ou uma correlação mais crível entre os eventos, aos poucos passamos a conhecer os jovens, suas famílias e os fantasmas de seus passados. Cada um possui traumas e questões mal-resolvidas com os quais precisam aprender a lidar.
O relato do que ocorre no escape room é bem realista. Quem já esteve em um consegue facilmente visualizar as cenas em que os amigos tentam encontrar as pistas espalhadas pelo local e resolver os enigmas dentro do tempo estabelecido. Contudo, o jogo é apenas o pano de fundo para o verdadeiro drama que se desenrola.
O enredo por trás da sala e o isolamento estimulam uma espécie de catarse no grupo. Eles mergulham em seus próprios problemas e angústias e deixam de jogar em conjunto para se lançarem uns contra os outros. Um rumo sombrio se desenha ao longo das páginas.
A tensão se torna palpável. A adrenalina a mil nubla a razão e faz com que eles não enxerguem o óbvio. Também somos ludibriados quando achamos que já identificamos o alvo do algoz. Algumas reviravoltas adiante, porém, mostram como estávamos enganados. As revelações conseguem prender a atenção e nos manter ansiosos até o final.
Com uma boa dose de mistério e intriga, a autora aborda o tema das doenças mentais e suas penosas consequências, tanto para o paciente como para a família. Outro tópico relevante é a falta de comunicação em um relacionamento, seja de amizade ou amoroso.
Trata-se de um problema recorrente quando as pessoas não se sentem à vontade para expor o que pensam. A gente sempre espera que o outro fale, pergunte ou peça desculpas. Ninguém quer dar o primeiro passo. Ninguém se entrega de verdade, ninguém se mostra por inteiro. Como construir uma real conexão desse modo? Será preciso passar por uma situação de vida ou morte para enfim romper a casca do orgulho e da vergonha e se abrir para o outro?
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