Assis Editora 09/07/2009
Veludinho
Resenha: Veludinho.
(PANNUNZIO, Martha Azevedo. Veludinho. 27.ª edição. Ilustrações de Eliardo França. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.)
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, nascida aos 4/2/1938, na cidade de Uberlândia–MG. Graduou-se em “Letras Neolatinas” e em “Comunicação Visual e Artes”. É autora de vários livros, dentre eles Veludinho. Martha Pannunzio tem como característica em sua escrita descrever apenas fatos e personagens reais.
O Veludinho foi produzido no ano de 1976. Essa obra é vencedora de três prêmios literários, a saber, primeiro: Prêmio de Literatura Infantil de 1976, pelo Instituto Nacional do Livro; segundo: Prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, de 1978, “Altamente Recomendável”; terceiro: Prêmio Jannart Moutinho Ribeiro, de 1979, da Câmara Brasileira do Livro. Narrativa em primeira pessoa, o Veludinho apresenta a história de menino, em uma cidade do interior.
O título traz o nome do personagem principal da história, Veludinho, um passarinho muito fofo, macio, belo e amado, que o pequeno Eduardo encontrou por acaso, ou melhor, por acidente. O livro é escrito em 23 capítulos bem interessantes. A linguagem utilizada é uma linguagem simples, mas atraente. O leitor é preso pela história desde o início.
O livro conta ainda com as ilustrações criativas, que acabam por apresentar uma segunda narrativa os olhos do leitor.
O conto de Martha Pannúnzio é narrado na voz de um menino de dez anos, o qual descreve uma experiência vivida por ele aos nove anos de idade. Edu, como era chamado, era o quarto de cinco filhos que sua mãe tivera. Seu sonho e de seu irmão Pedro era o de ter uma espingardinha de ar comprimido. Tanto lutaram e fizeram greve que, por seus próprios méritos, e contra a vontade da mãe, acabaram por adquirir uma Rossi semi-nova.
No início todos queriam atirar com a “bichinha”, fosse em litro, em lagartixa, em passarinho ou mesmo em cabeça de galinha no quintal. O importante era dar um tiro. Nem mesmo os sapos lhes escapavam ao alvo. Até que um dia, a meninada decretou o “Dia de caçada”. Porém, parece que a passarada desconfiou da tramóia e, com tanta gritaria de menino, os bichinhos voaram para longe e se esconderam tão bem, que não restou nenhum para ser caçado.
Desilulido Edu se sentou à beira do galinheiro para refletir um pouco e quem sabe, nesse intervalo aparecia alguma coisa. Ele estava certo. Um bando de pardal desavisado e faminto veio distraído comer no quintal. Edu nem pensou, afoito por uma caça, mirou, atirou e... pimba! Todos voaram menos um. O menino correu, pegou a presa na mão, mas não entendeu nada. Não era um peste pardal. Era uma coisinha tão fofinha, maciinha, marronzinha que nem dava para saber o que era direito. Só se sabia que era passarinho. Mas qual?
O caçador inconformado começou a perguntar à vitima: “Como é que eu podia adivinhar, daquela lonjura que você não era pardal?” (...) Não sabe que hoje é dia de caçada, passarinho? Tadinho!”
Eduardo correu para casa com o passarinho na mão, pediu à mãe que lhe costurasse o papinho rasgado. A mãe sugeriu que a cozinheira o benzesse. Edu não quis, porque assassina de galinha não teria dó de passarinho baleado. O remédio era levá-lo ao hospital. E levou. Mas não deu resultado. Foi então que a junta “médica” infantil se reuniu no quintal hospitalar e fez a cirurgia sem nenhum sucesso.
O pequeno Edu ficou desesperançado com a carreira de caçador e passou a usar sua Rossinha apenas para tiros ao alvo. E aí... haja litros de óleo, latinhas, e tudo que era embalagem vazia.
Nesta leitura, Martha Pannunzio mostra que há como a meninada se divertir sem agredir a natureza, principalmente os passarinhos, que além de bonitos fazem muito bem à criançada.
Concluímos, então, que Veludinho é a retratação de uma amizade fiel, daquelas que ninguém quer perder; e de que criança quando fere um ser querido, ela sofre muito mais que o ferido.
Ivone Gomes de Assis. Publicação em http://www.leialivro.com.br/texto.php?uid=11132 09/06/2006 Com boletim anunciado na Rádio Cultura de SP. Programa cultural Leia Livro, desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo e pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.