Heidi Gisele Borges 11/03/2021Quando li O Castelo no Ar, de Diana Wynne Jones, por ter gênio, tapete mágico e todo esse clima, fiquei logo com vontade de ler Aladim e a Lâmpada Maravilhosa (Editora Ática, 144 páginas, R$32,90). Pois corri para comprar o livro e não me decepcionei. A história faz parte do livro As Mil e Uma Noites, em que Sheherazade conta uma história por noite ao sultão Schahriar a fim de deixá-lo curioso e evitar que cumpra a promessa de matar uma esposa a cada amanhecer. Apesar de ser uma ideia bastante triste, a narrativa de Sheherazade prende e encanta.
Aladim mora na China e é um menino rebelde que não quer saber de nada da vida. O pai tenta ensinar sua profissão de alfaiate, mas o filho não mostra interesse. Quando o pai morre a mãe se vê obrigada a vender todas as ferramentas do marido para conseguir se manter, pois passava o dia todo fiando algodão e ainda assim não tinha dinheiro o suficiente para alimentá-los. Enquanto isso, Aladim, apesar de não ser mais tão criança, quer somente brincar.
"Por mim, estou decidida a fechar a porta de casa para ele um desses dias, e mandá-lo sair à procura de outro lugar para morar", diz a mãe, tamanho é o seu sofrimento e desgosto.
Certo dia um mago africano surge e se passa por tio de Aladim, leva-o até um local onde está uma lâmpada e pede para resgatá-la, sem contar que há um gênio capaz de realizar todos os seus desejos, mas o homem se irrita e o menino fica preso lá dentro, o falso tio, acreditando que Aladim logo morrerá, foge.
Depois, Aladim, que já descobriu como funciona a Lâmpada, vê a princesa sem véu e se apaixona. Pede, então, que sua mãe vá até o sultão e diga que ele quer a mão de sua filha. Mesmo contrariada, ela vai.
Enquanto a decorre a história vemos a ganância por poder, não apenas por parte do mago que retorna, mas também por mortes que podem parecer sem culpa para justificar esse desejo de manter o poder. Enfim, tudo de cruel o que o ser humano pode fazer para ter o que deseja. Porém, se Aladim não tivesse conhecido o falso tio e passado por tantos obstáculos, talvez pudesse ter uma vida adulta trágica, sem nunca ter conhecido a princesa, e seguindo por outros caminhos errados, pois dificilmente deixaria de ser um jovem que pensa como uma criança mimada e sem regras.
Não se sabe se Aladim e a Lâmpada Maravilhosa realmente pertencia ao livro As Mil e Uma Noites - coletânea de contos bastante conhecidos no Oriente Médio e passou a ser difundida no Ocidente depois da tradução de Antoine Galland (1646-1715) para o francês em 1704 -, ou foi acrescentada por Galland depois que a ouviu de um contador de histórias, mas sem dúvida é ótimo acompanhar a narração de Sheherazade e saber que a próxima é a História de Simbad, o Marujo.
A linguagem simples permite que o livro seja lido por todas as idades. Mas é uma pena que as ilustrações sejam fracas. E minha única decepção é que não há tapetes mágicos. Essa versão da Editora Ática foi traduzida do original francês de Galland. Leia e encante-se.
Lido em dezembro/2012